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Porque se eu não compreender a vida, explica-me.
Porque se eu esquecer a ternura, lembre-me.
Porque Porque se eu não compreender a vida,explica-me.
Porque se eu esquecer a ternura,lembre-me.
Porque se eu me perder no caminho, mostra-me,
e se eu tiver pouco amor, salva-me com a poesia.
{Ita Portugal}

sábado, 18 de abril de 2015

personagem

Teu nome é quase indiferente e nem teu rosto já me inquieta.
A arte de amar é exatamente a de se ser poeta.

Para pensar em ti, me basta o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta, nutrida do enigma do instinto.
O lugar da tua presença é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa o olhar de todas as saudades.

Meus sonhos viajam rumos tristes e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes, silêncio, obscuro, disperso.
Teu corpo, e teu rosto, e teu nome, teu coração, tua existência,
tudo o espaço evita e consome: e eu só conheço a tua ausência.
Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.

{Cecília Meireles}